terça-feira, 27 de outubro de 2009

Qual litoral? Bruno Rodrigo



(Talvez, o mais belo litoral ainda esteja desabitado)



Eu não sei nada do mar

Porém, sei que o oceano que jorra dos meus olhos
é bem mais que água e sal

Que ondas que quebram as dores em meus peito
são um misto de maremoto e temporal 

Que o clima que divide os trópicos e cria um Equador em
minha alma é tropical

Que me nego construir meus sonhos em bases de areia,
afinal, adoro a praia, mas não como meu quintal

Que as conchas são orquestras que reproduzem o som das águas,
de forma tão calmante, que poderiam fazer o trilha sonora do meu carnaval

Sim, sei de tudo isso e de coisas outras
e saberia muito mais se conhecesse "O Litoral".

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

De pai para filho - Bruno Rodrigo






Entrou correndo pela cozinha. O garoto agarrou-se nas pernas da mãe, que de , terminava de preparar o almoço. Sem entender nada, a mãe olhou para o filho, que querendo explicar tudo, olhou para a mãe e disse:

- Mamãe, eu te amo! Adoro a comidinha que você faz e gosto muito de quando me leva ao parquinho da praça, por isso quero te dar um beijo!

A mãe se abaixou e ganhou um delicioso beijo do seu filho. Aquela mulher levantou-se e disfarçou uma pequena lágrima que escorreu do seu olho esquerdo. Sentia-se a melhor mãe do mundo. Não esperava aquela demonstração de carinho, embora sempre tivesse em seu pensamento, que merecesse um reconhecimento maior por suas funções maternas e domésticas:

- Nossa meu filho! – Exclamou a mãeQue surpresa! Que bom que você reconhece tudo o que eu faço por você.

- Foi o papai quem me mandou te dar muito carinho! – Respondeu o esperto menino

Agora estava completo: sentia-se a melhor mãe do mundo, mas agora, sabendo que seu filho lhe dissera coisas tão lindas a mando do pai, sentia-se a melhor esposa também, ou seja, a melhor mulher:  

- Foi mesmo meu anjo? – perguntou a mãe, que inclusive, ensaiava alguns passos de valsa – O seu pai é muito gentil. É um homem maravilhoso e sempre pensa muito em mim. Ele sempre me coloca em primeiro lugar. Quando foi que ele te mandou dizer-me estas coisas

- Agorinha mesmo. Quando eu fui pedir dinheiro para ele.

- E por que você foi pedir dinheiro?

- Para comprar um presente para você! Eu aprendi na escola hoje, que o dia internacional das mulheres está chegando. Daí, me lembrei de um belo colar que vi em uma vitrine perto da casa da tia Olga. Quando a tia Olga viu o colar, ela me disse que aquilo era o que toda mulher merecia ter, por isso eu pensei em te dá-lo.

- E o seu pai te deu o dinheiro?

- Não. Ele disse que mulher gosta de carinho, atenção e reconhecimento. Falou que um beijo que eu te desse seria o bastante.

- Ah!!! Ele disse? – Falou a mulher não se sentido a melhor mulher do mundo

- Disse. Ele estava certo, você ficou tão feliz! Com mulheres não se deve gastar muito dinheiro. Será bom que eu aprenda isso cedo.

- Como é que é? Eu não acredito no que eu acabei de ouvir!

- Foi o papai quem disse.

- Ah!!! Ele disse? – perguntou novamente a mãe, que a propósito, desistira de repente da valsa e ensaiava golpes de boxe.

- Disse. - continuou o menino - Também falou que quando eu crescer me ensinará outros truques, para que não eu nunca gaste além da conta com mulheres.  

Foi a gota d’água. A mãe desligou o fogão, tirou o avental e foi até o seu marido que estava no quarto. Após dois minutos de conversa o pai saiu do quarto. Dirigiu-se até o seu pequeno e inocente filho e perguntou-lhe:

- Em qual loja você viu o bendito colar mesmo?