quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Criatividade Down




Não que eu não queira mais escrever.
Acontece que por vezes sou abandonado pela poesia
Por assim ser, junto-me à Adélia e vejo pedra, pedregulhos e montanhas
somente.

Se me falta a poesia,
Sinto cheiro de morte nas frutas
gosto de podridão nos vinhos
pecaminosidade no desejo
idolatria nas imagens
insignificância nos símbolos
irracionalidade na filosofia
ateísmo em Deus
desesperança no Homem
asma no Espírito
lepra nas mãos
razão na corrupção
e abandono o mundo por não poder compreendê-lo
Afinal, sem a poesia, o mundo me comprimi.

Preciso liberta-me

Ser Ícaro no verão
Platão no inverno
Jesus no outono e
Maria na primavera

Adélia de manhã,
Lucinda à tarde e
Lispector pela noite

Ser mais pessoa assim como o Pessoa
Mais sabido por influência do Sabino
Ser mais amável por intermédio do Amado e
mais colorido e sensível através do Rosa.

Se me falta a poesia não sou o que “Eu sou”
pois meu ser é poesia
Se a tenho crio um mundo e já “Eu sou”,
pelo menos dentro da minha fantasia.