Hoje, de dentro do ônibus, vi um pai que, carinhosamente, mordia o pescoço do filhinho e o beijava em pleno ponto de espera. Como sei que ele era o pai? Ora, tal manifestação de amor feita em pleno o centro da cidade, o caracterizou como pai.
Senti uma inveja! Lembrei da minha filha. Pensei no pescocinho dela. Foi aí que me dei para o seguinte fato: “eu não conheço o pescoço da minha filha”! Tenho nas gavetas da minha memória o registro das imagens dos olhos, da boca, do nariz, feição, pé, mão, pele... mas o pescoço... não é que eu ainda não tinha reparado?
Através dessa reflexão, pude concluir também que não conheço muito bem os dedos dos pés da minha pequena. Para ser sincero, nem sei qual dedo é o maior ou mais fino. Que vergonha! E as axilas! Eu nunca olhei as suas axilas! Nunca contei os fios de cabelos, e por ação de uma temporária amnésia, não me lembro quantos centímetros têm suas unhas.
É, ainda há muito o que conhecer, descobrir, desbravar sobre Beatriz. Ainda bem que eu vou ser pai por toda a vida. Por toda a vida dela e por toda a vida minha.