domingo, 5 de julho de 2009

Dialética de fim de tarde - Bruno Rodrigo

Alívio de dor física é analgésico

Alívio de dor na alma é oração

Nem sempre as prisões são feitas através de grades

Grandes arranha-céus prendem minha alma

É difícil sobrevoar por cima deles

Meu espírito tenta, bate nas janelas e volta para minha palma

Silêncio que revigora é leitura

Silêncio que destrói é solidão

Nem toda boca que pergunta merece resposta

Toda língua que se cala deveria perguntar

Nem todo ouvido que escuta perguntou alguma coisa

Há ouvidos carentes com sede de resposta

Fome de pagão é miséria

Fome de cristão é jejum

A alma se sustenta no que fere a carne

O prazer da carne aprisiona o que é imortal

Ser escravo da carne é abrir mão da eternidade

Ser vassalo da alma é ignorar o prazer universal

Prazer? O que é prazer?

Entrar em euforia diante do Santíssimo?

Chegar à última estrela pelo gozo?

Ou ambos?

Para voar edifícios preciso de asas de ferro

Para voar ao céu, asas de anjo

Como chegar ao céu, sem antes, passar pela janela do prédio,

No qual a linda mulher toma banho?

Para chegar onde se deve chegar existe o caminho,

Para viver o caminho, a aventura,

Para viver a aventura nega-se o caminho,

Negando o caminho perde-se onde se deve chegar,

Perdendo onde se deve chegar vive-se a aventura

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Obrigado pela visita - Bruno Rodrigo