terça-feira, 7 de julho de 2009

Nem por um segundo - Bruno Rodrigo

(À minha professora Sãnia)

Deixem que tirem minhas vestes e sorteiem entre si,

Não ficarei nu nem por um segundo

Roupas nunca me vestiram

O que me veste é este tecido feito de esperança e coragem,

O qual ninguém pode rasgar.

Deixem que roubem minhas riquezas

Não ficarei pobre nem por um segundo

Talismãs e rubis nunca me enriqueceram

O que me enriquece é esta jóia, cujo brilho, cega e confunde a ganância,

O qual ninguém pode roubar.

Deixem que invadam meus latifúndios

Não ficarei desabrigado nem por um segundo

Terras e alicerces nunca me abrigaram

O que me abriga é este coração de espaço imensurável, de medida maior que o próprio espaço,

O qual ninguém pode invadir.

Rasguem as vestes tentando me despir

Roubem as riquezas para me arruinar

Tomem meus domínios para tirar-me o lar

Em nada disso se encontra o maior parcela da minha felicidade

Por fim, deixem que tirem a minha vida

Não ficarei morto nem por um segundo

Matéria e carne nunca me foram vitais

Antes isso, a fé que me veste, a poesia que me adorna e a filosofia que me transforma,

Os quais ninguém rasga, rouba ou invade.

Um comentário:

  1. Gostei muito do que por aqui li - vou voltar.

    Obrigada pela sua visita a "Poiesis"!

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Obrigado pela visita - Bruno Rodrigo